terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tempo

O Tempo é uma coisa que me desafia constantemente. Ultimamente, tenho visto cada segundo que passa escorrer pelos meus dedos, o Tempo implacavelmente me pressiona e me tortura, como se estivesse presa numa bolha e tudo passasse por mim incólume, como se fosse ficar onde estou para sempre.

Vejo pessoas aniversariarem, casarem, terem filhos, se formarem. E eu, sempre de longe, observo. Observo imaginando o que vou fazer quando me formar, quando fizer aniversário. Percebo a vida das pessoas à minha volta caminhar, enquanto me vejo presa ao imperdoável Tempo, que não me permite fazer o que eu realmente gostaria de fazer, que me obriga a préstimos sociais e acadêmicos em que eu não enxergo sentido.

Ao mesmo tempo em que me amordaça, preciso do Tempo para finalmente me libertar e poder fazer o que realmente desejo, que é viajar, ser mais atenciosa e menos pedante com meus amigos, estudar o que realmente me interessa. O Tempo me prende com uma luz no fim do túnel, o que torna a prisão mais difícil e penosa e, além disso, perigosa, porque não sei se os meus anseios de hoje farão sentido na nova pessoa que irei me tornar quando finalmente o Tempo me permitir as liberdades que desejo.

Terá a espera sido em vão? Por mais incrível que pareça, não. A prisão do Tempo nos transforma em novas pessoas, que enxergam além do que enxergavam quando se perceberam presas por ele, e que se tornam mais fortes, apesar do sofrer. O que será descoberto após o fim da angustiante jornada e se compensará o sofrimento, pertence ao Tempo, sempre implacável e inexorável.

A cada segundo que passa, me fortaleço. Sem saber pra quê, mas me fortaleço. A verdadeira força reside no suportar os momentos de fragilidade que a precedem. Tic-tac, tic-tac...