segunda-feira, 18 de julho de 2011

Conto de Infancia

Quando era criança, com quatro a cincos anos de idade, era totalmente urbano, não conhecia roça, sítios e nem ia ao clube. Apesar de não ser do tipo que usava a força, era conhecido por todos, adorado pelos professores e pelos amigos.

Ele era um garoto sem futuro, pois nem sabia direito pra que isso servia. Não sabia qual carreira seguir, nem definições de ética e personalidade, realmente era um garoto comum que apenas adorava desenhos japoneses. Mas quando assistia ao desenho ficava vidrado não saia de lá por nada

Via pessoas lutando o tempo todo, falado de seres sobrenaturais, youkais, poderes e habilidades que cada um tinha. Um deles, entretanto chamou-lhe a atenção. O personagem no qual se interessará era atípico com características poucos afeminadas, mas com algo que realmente chamou a atenção da criança. Não porque usava a força, isto nunca lhe despertou o interesse, mas pelo uso da sua inteligência e frieza durante as batalhas.

No desenho o tal youkai era temido por ser frio, calculista e um detalhe, tal figura era usuário de plantas e quieto durante o torneio. Bastou o garoto conhecer tais características para ficar impressionado, a cada episodio que passava se impressionava ainda mais por esse personagem. Até que um dia, foi capaz de fazer uma promessa a si mesmo. Afirmou para ele mesmo com toda a convicção que tinha, que quando mais velho iria ser igual ao tal personagem.

Foi ai que surgiu o primeiro objetivo na vida do menino, o mais solido objetivo para um garoto que nem sabia os significados de suas palavras, mas sentia o que queria dizer. Os anos passaram, muita coisa mudou em sua vida, já dava sinais de que estava tentando ser igual aquela figura, era um jovem calado, frio, com gostos diferentes da maioria.

Porem com o passar do tempo, cresceu, e sua rotina mudou também, os estudos apertaram, e tinha que tomar outras decisões e focar em novos objetivos, pois estes eram pra muitos decisivos para o futuro. Assim, esqueceu por um tempo, aquele objetivo que firmara consigo mesmo primeiramente.

Com 18 anos, já encaminhado em uma faculdade, continuando a levar uma vida de aluno normal, com poucos amigos, sempre isolado e observando. Realmente sentia que faltava algo mais na sua vida, já tinha traçado objetivos profissionais pensava até em seu doutorado, mas sabia que só isso não era o bastante.

Um dia, deitado estava lá o garoto pesando na vida, isolara-se, pois queria estar consigo mesmo por algum tempo. Como se voltasse no tempo, viu uma estranha lembrança, seu passado voltava à tona. Em poucos segundos começou apensar em tudo que tinha passado, em tudo que havia aprendido e principalmente naquilo que tinha prometido para ele mesmo.

Ele tinha objetivo, e o reencontrou. Sabia que agora aquele estranho sentimento de vazio que estava se preenchendo... para comemorar, sentou-se no seu computador e começou a assistir mais uma vez, pela milésima vez aquele desenho...sentia-se feliz e ainda se impressionava com aquela figura.

Hoje aquele garoto, vive para voltar no seu objetivo, ser alguém frio, calculista, aquele fala pouco e observa a tudo, vencendo não pela força, mas pela inteligência.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Tour pela morte

Atravessei, junto com o grupo que veio comigo, a imensa porta. Era ornamentada com caveiras, ossos, que depois notei, pareciam muito velhos. Ela não possuía fechadura, nem tranca, nem nada. Depois da porta, havia quatro portas guardadas por esqueletos uniformizados, e outras duas grandes portas, guardadas por dois de cada lado. Havia uma espécie de guia levando as pessoas às quatro portas. Quando uma pessoa não entrava em nenhum das quatro, sentava em um banco de ossos ressecados, mas que eram rígidos como diamante. Quando um grupo se formou, inclusive eu fazia parte dele, fomos visitar o interior das quatro portas.

O primeiro, era um belo campo verde, com uma luz tão forte iluminando, que jurei ser a do Sol. Havia árvores grandes, verdes, cheias de frutos por onde a vista alcançava. Pessoas que eram completamente diferentes uma das outras estavam sentadas a uma mesa, conversavam animadamente, bebiam, comiam, brincavam. O cheiro de churrasco pairava no ar. "Aqui ficam os heróis antigos e os da época de vocês", disse o guia, "pessoas que fizeram algo de bom ao mundo". Aqui são os Campos Elísios.

O segundo lugar era completamente escuro e extenso. Uma espécie de gruta gigante, com o chão de grama. Porém a grama estava seca, pisoteada por, acredito, mais de trinta séculos de gente morta. Pessoas vagueando sem rumo, num silêncio mortal, sem trombarem. Parecia um show de rock cancelado pela falta de luz, mas os espectadores não perceberam. "Aqui ficam as pessoas que simplismente viveram". Vamos à terceira porta e deixemos os Campos de Asfódelos.

Os Campos da Punição era terrível. Ouvia e via-se pessoas chorando, lutando, agonizando. Um homem tentava tampar um buraco, mas cada vez que o buraco era tampado, ele tinha que tampar o que ele mesmo havia feito. Outro ficava cortando uma árvore e quando esta caía, virava fuligem, e outra surgia bem na frente. Havia cães infernais, esqueletos e outras criaturas do Mundo Inferior aterrorizando a todos.

A quarta porta era na verdade, uma outra porta que dava nos Campos Elísios, mas em uma ilha. A Ilha dos Abençoados, como era chamada, era destinada aos heróis que voltavam à terra de alguma forma e retornavam ao Elísio mais duas vezes. Era muito melhor que os Elísios mil vezes.

Faltavam apenas duas portas. Entrei em uma sem ninguém me ver.

Entrei na porta da direita
Entrei na porta da esquerda

O salão

A porta pela qual passei dava a um salão. Havia mármore negro por todo o chão, esqueletosem trajes militares de todas épocas encostados à parede segurando fuzíveis. Um grande trono era ocupado por uma figura masculina. Um homem de aproximadamente 30 anos, de pele muito branca, cabelos negros amarrados em um rabo de cavalo. Em seu pescoço pendiam pingentes de caveira e guitarras e uma corrente de prata. Uma roupa toda preta, uma calça e blusa, botas grandes cheias de alfinetes.
- Você é o recém-chegado? - perguntou-me - Que liberdade você acha que tem para entrar em meu salão sem ser convidado?
Estremeci, pois o rei dos Mortos, Hades, estava falando comigo.