quarta-feira, 22 de junho de 2011

O jardim

Não me lembro como vim parar nesse buraco. A última coisa que me lembro e de ter cruzado com um homem de sobretudo preto, muito muito estranho.
Estou em um lugar escuro, mas não o suficiente para não conseguir ver ao meu redor. Um túnel longo, feito de terra, com um único caminho me obriga a caminhar. Conforme eu ando, a parede atrás de mim permanece inalterada. Ou não estou saindo do lugar, ou a parede está se movendo. Uma luz pálida no fim do corredor fica mais forte. Então acho que é a parede que está se movendo.

Chego na sala de onde vem a luz pálida. E que sala! Árvores prateadas e douradas cresciam por todos os lugares. As extremidades de seus galhos eram tão finos que pareciam quebradiças ao menor toque. Mas as árvores eram realmente de prata e ouro. Suas frutas eram vermelhas, verdes e muito maiores do que qualquer fruta encontrada na superfície. E as frutas eram rubis, diamantes, esmeraldas, grandes pedras preciosas que pendiam dos galhos.

A luz pálida vinha de um poste, bem antigo, que era enfeitado com ramos de oliveira. No centro do jardim, havia uma romanzeira, bem vistosa e as frutas pareciam bem apetitosas. Colhi uma.

Um campo extenso das mais diversas flores coloriam o chão. Madressilvas, girassóis, rosas, tulipas, cravos, dente-de-leão, papoula. Todas flores delicadas e extremamente cheirosas, com as pétalas parecendo um veludo.

Então uma mulher alta, pálida, de cabelos pretos e cacheados veio caminhando em minha direção. Ela usava um vestido preto e fino que esvoaçava enquanto andava.

- Desculpe não te receber da melhor maneira, mas no inverno, é o máximo que posso fazer aqui no inferno. Bem-vindo ao meu jardim. Eu sou Perséfone.

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