sábado, 25 de junho de 2011

Devaneio

Um dia, fui mais vivo do que sou morto hoje.


Um dia, fui mais feliz do que infeliz estou.

Um dia, pensei no futuro bem mais do que no passado.

Um dia, fui aquilo que eu achava que era,

Mas descobri que nada fui



Descobri um dia, que tudo aquilo que vivia.

Nada mais era que ilusões da realidade

Descobri nesse dia, que ser feliz já não tinha mais tempo.

Tempo esse que passou e que hoje não volta mais



Tempo, doce ilusão fruto da realidade humana.

Me fiz perde, para me alcançar, em vão;

Me fiz perde, nisto que sou hoje;

Me fiz perde dentro de mim;

Hoje me resta pouco, me resta nada.



Me resta um pouco de ilusão

Me resta um pouco de rum

Me resta um ultimo gole;

Um ultimo suspiro de vigor

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O jardim

Não me lembro como vim parar nesse buraco. A última coisa que me lembro e de ter cruzado com um homem de sobretudo preto, muito muito estranho.
Estou em um lugar escuro, mas não o suficiente para não conseguir ver ao meu redor. Um túnel longo, feito de terra, com um único caminho me obriga a caminhar. Conforme eu ando, a parede atrás de mim permanece inalterada. Ou não estou saindo do lugar, ou a parede está se movendo. Uma luz pálida no fim do corredor fica mais forte. Então acho que é a parede que está se movendo.

Chego na sala de onde vem a luz pálida. E que sala! Árvores prateadas e douradas cresciam por todos os lugares. As extremidades de seus galhos eram tão finos que pareciam quebradiças ao menor toque. Mas as árvores eram realmente de prata e ouro. Suas frutas eram vermelhas, verdes e muito maiores do que qualquer fruta encontrada na superfície. E as frutas eram rubis, diamantes, esmeraldas, grandes pedras preciosas que pendiam dos galhos.

A luz pálida vinha de um poste, bem antigo, que era enfeitado com ramos de oliveira. No centro do jardim, havia uma romanzeira, bem vistosa e as frutas pareciam bem apetitosas. Colhi uma.

Um campo extenso das mais diversas flores coloriam o chão. Madressilvas, girassóis, rosas, tulipas, cravos, dente-de-leão, papoula. Todas flores delicadas e extremamente cheirosas, com as pétalas parecendo um veludo.

Então uma mulher alta, pálida, de cabelos pretos e cacheados veio caminhando em minha direção. Ela usava um vestido preto e fino que esvoaçava enquanto andava.

- Desculpe não te receber da melhor maneira, mas no inverno, é o máximo que posso fazer aqui no inferno. Bem-vindo ao meu jardim. Eu sou Perséfone.