Antes de começar, gostaria de congratular o cantor Shane McGowan pela sua versão da canção irlandesa "Spancil Hill", fonte de inspiração e reflexão para esse turbilhão de insanidade. Aos interessados na música, aqui está a mesma no YouTube.
Enfim, vamos ao texto.
Em algum momento, apaixonei-me. Tenho este sentimento como meu pequeno tesouro que anda comigo a todos os lugares. Nunca deixei minha amada por muito tempo, mas, em uma fração de um sonho, parti. Com nada mais que meu pensamento, viajei por todo o cosmos e todo o tempo. Campinas, vales, estradas e desertos meus únicos companheiros de viagem.
Nesses sonho de andarilho (tão real que minha própria vida parecia uma ilusão perto daquilo), andava com nada mais que minhas próprias roupas, sapatos e forças. Talvez tenha partido em busca de alguma coisa que tenha perdido, ou simplesmente pelos devaneios de um longo dia.
Menti em dizer que as paisagens foram minhas únicas companheiras de viagem; o vazio do silêncio e esterilidade interior eram maiores que tudo que já experimentei e, acredito, que possa existir.
Na última parada da realidade/sonho um amigo alcançou-me, trazendo várias cartas e súplicas para que voltasse. Nenhuma delas me dava nenhuma boa razão para voltar. Havia um único objeto que não fosse feito de papel. Uma pequena caixa de vidro. Reconheci-a imediatamente: fora o recipiente de um importante presente que dera à única com quem me importei. Dentro dela, estava o anel. Perguntei a ele o que acontecera. Insisti muito, até ele me revelar a verdade: ela havia morrido.
Tristeza, depressão e desespero me levaram a meus último suspiros em uma terra desolada que deveria estar repleta de ouro e riqueza, com a única certeza de que nunca veria minha amada novamente e a dor de tê-la abandonado por um motivo que até eu desconheço.
Acordei com a imagem de minha amada na cabeceira de minha cama, o coração pulsava tão rápido que, a qualquer momento, achei que iria parar. A caixa do presente ao lado de minha cama só não foi capaz de me destruir por completo pois o calendário dizia: 09 de setembro.
Na manhã seguinte, após horas de insônia, reencontrei-a em seu lugar habitual. Abracei-a, beijei-lhe o rosto, fazendo uma única promessa solene a mim mesmo.
Se você, caro leitor, já passou por esse tipo de experiência, sabe qual promessa fiz. Caso contrário, espere, releia meu devaneio e, talvez um dia, conheça minha promessa.
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